AS ESCOLHAS A vida é feita de escolhas. Todo o dia, toda hora, você escolhe... É você quem escolhe jogar o lixo na rua. É você quem escolhe deixar a torneira aberta. Você escolhe desperdiçar. Mas você também escolhe preservar. Você escolhe poupar... Economizar... Você escolhe ser generoso, ou não. Você escolhe ser solidário, ou não. Você escolhe ser ético, ou não. Você escolhe escolher o melhor para se sentir bem com os outros.
Minha pessoa
- Eugenio Romeu Andre Tomas - Genito
- Infulene, Maputo, Mozambique
- Sou amigo de quem gosta de ser amigo, e o meu perfil de pessoa e como missão, é ajudar as pessoas e fezê-las perceber a importância da nossa relação humana nesta terra. Sou aberto para todos, aberto para aprender e ensinar e sempre pronto para um diálogo.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
INTRODUÇÃO
O transtorno afectivo mais típico é a Depressão com todo seu quadro clínico conhecido. Entretanto, talvez não seja o problema afectivo mais frequente. Os quadros ansiosos do tipo Pânico, Fobias, Somatizações ou a mesma Ansiedade Generalizada também têm como fundo alterações da Afectividade. Para entender a Afectividade é necessário compreendermos antes alguns elementos do mundo psíquico: as Representações, as Vivências, as Reacções Vivenciais e os Sentimentos.
Durante toda nossa vida, os fatos ou acontecimentos vividos por nós serão nossas experiências de vida e passarão a fazer parte de nossa consciência. Dos fatos e acontecimentos teremos lembranças e sentimentos, assim como também teremos lembranças desses sentimentos, portanto, lembraremos não apenas nossas experiências de vida mas também lembraremos se elas foram agradáveis ou não, prazerosas ou não...Embora diferentes pessoas possam viver mesmos fatos e acontecimentos, elas sentirão tais fatos e acontecimentos de maneira diferente e pessoal. Perder um mesmo objecto, sofrer a perda de um mesmo familiar, passar por um mesmo assalto, ouvir uma mesma música, comer uma mesma comida, etc., poderão causar diferentes sentimentos em diferentes pessoas. veja "A Representação da Realidade".
Como já dissemos em outros temas, as coisas representam algo diferente para diferentes pessoas, ou seja, elas têm Representação diferente e pessoal para cada um de nós. A perda de um ente querido, por exemplo, costuma ser algo ruim para todo mundo mas, mesmo assim, Representará algo diferente para cada um. A perda de um pai de cinco filhos, embora seja o mesmo pai para os cinco filhos, será uma perda diferente para cada um deles, Representará algo diferente para cada um. Na verdade, então, mais importante que a própria realidade é a Representação dessa realidade, ou seja, o que os fatos representam acaba sendo mais importante que os próprios fatos em si.
1. VIVÊNCIAS
A Representação diferenciada que cada um de nós atribui aos fatos e acontecimentos vividos transforma esses fatos e acontecimentos em Vivências pessoais, ou seja, fatos e acontecimentos pessoalmente valorizados e representados, única e exclusivamente por nós. Portanto, nossas Vivências são nossas experiências pessoais da realidade que vivemos. Duas pessoas não podem experimentar uma mesma Vivência, embora possam experimentar um mesmo fato ou acontecimento porque cada uma delas Representará esse fato ou acontecimento de maneira pessoal e diferente.
2. SENTIMENTOS
Agora que sabemos o que é uma Representação da realidade e o que é a Vivência, podemos falar alguma coisa sobre os Sentimentos que acompanham as Vivências. As Vivências produzem Sentimentos no ser humano. Podemos exemplificar a produção de Sentimentos em resposta às Vivências tal como acontece com a produção de alergia em resposta àquilo que nos sensibiliza. As reacções alérgicas são maneiras de reagirmos diante de elementos capazes de nos sensibilizar. Vamos imaginar várias pessoas num ambiente repleto de algum elemento capaz de causar alergia, por exemplo, fungos. Teríamos algumas pessoas reagindo alergicamente com espirros (rinite), outras com asma, algumas com urticária e, finalmente, teríamos também pessoas que não manifestariam alergia alguma.
Da mesma forma como as pessoas reagem diferentemente diante de um mesmo estímulo alergizante, também em relação aos fatos ou acontecimentos pessoas diferentes manifestam sentimentos diferentes. Depende da sensibilidade de cada um.
3. REAÇÕES VIVENCIAIS
As Vivências, que são os fatos ou acontecimentos representados particularmente por cada um de nós, causam sentimentos variados: ansiedade, medo, alegria, angústia, raiva, apreensão, etc. Reacções Vivenciais são reacções de nosso psiquismo às Vivências, tal como as reacções alérgicas são reacções de nosso organismo aos estímulos que nos sensibilizam.
Assim como as reacções alérgicas produzem alergia, as Reacções Vivenciais produzem sentimentos. Assim como as reacções alérgicas produzem tipos diferentes de alergia nas diferentes pessoas, também as Reacções Vivenciais determinam sentimentos diferentes nas diferentes pessoas, diferentes quanto ao tipo e quanto a intensidade.
As Reacções Vivenciais, portanto, os sentimentos, serão sempre proporcionais ao significado que os fatos têm para as pessoas, ou seja, dependerão daquilo que os fatos representam para a pessoa. Um mesmo fato ou acontecimento poderá determinar sentimentos diferentes em diferentes pessoas porque eles representam também algo diferente para diferentes pessoas.
4. REACÇÕES NORMAIS E NÃO-NORMAIS
Uma pessoa com ansiedade, por exemplo, na verdade está experimentando uma Reacção Vivencial do tipo ansiedade. Está reagindo à alguma coisa com ansiedade.
Vamos imaginar a ansiedade que experimentamos ao saber que existe uma cobra dentro de nosso quarto. O fato em si é a cobra, a Vivência que resulta desse fato será o que, exactamente, representa para nós uma cobra em nosso quarto. Evidentemente, uma cobra no quarto terá uma representação diferente entre uma pessoa que tem muito medo de cobras e uma outra que não tem tanto medo assim.
De qualquer modo, essa Vivência resultará numa Reacção Vivencial; muita ansiedade para quem tem muito medo de cobras e menos ansiedade para quem não tem tanto medo. Isso deixa claro que o tipo e a intensidade da Reacção Vivencial dependerá daquilo que a cobra representa para cada um de nós.
A Reacção Vivencial do tipo ansiedade neste exemplo da cobra pode ser considerada normal. Por quê? Por tratar-se de uma resposta à um fato estatisticamente capaz de gerar ansiedade. A cobra é universalmente temida e, embora represente uma ameaça maior ou menor, dependendo das pessoas, será sempre uma ameaça para a expressiva maioria delas.
Mas, por outro lado, essa Reacção Vivencial não seria normal caso a pessoa experimentasse ansiedade apenas imaginando uma cobra dentro de seu quarto. Seria uma Reacção Vivencial não-normal porque não existe realmente uma causa objectiva e concreta para desencadeá-la. A cobra, de fato não existe, a não ser na imaginação da pessoa e isso não é uma causa objectiva mas sim, uma causa subjectiva.
Vamos imaginar ainda que a pessoa, ao saber existir uma cobra em seu quarto, experimenta uma ansiedade e medo tão intensos que acaba tendo um desmaio. Esse tipo de Reacção Vivencial também não é normal. Por quê? Pelo fato de sabermos, estatisticamente, que a expressiva maioria das pessoas não desmaia ao saberem de uma cobra em seus quartos; a maioria das pessoas pode ficar com medo, com ansiedade, com pavor, etc., desmaiar, entretanto, não.
Desmaiar nessas circunstâncias pode até ser compreensivo, mas isso não significa ser normal. Não é normal pelo fato do desmaio ser considerado medicamente uma ocorrência não-normal e também porque a maioria das pessoas não desmaiaria nessas circunstâncias. Esse tipo de Reacção Vivencial não-normal que é o desmaio, se deve à desproporção entre a Reacção Vivencial e a Vivência causadora, ou seja, desmaiar é desproporcional em relação à ansiedade, sem desmaio, que seria de se esperar para a maioria das pessoas.
Finalmente, se a pessoa souber da existência de uma cobra em seu quarto, em seguida essa cobra for devidamente removida mas ela continuar apresentando uma Reacção Vivencial de ansiedade uma semana depois do ocorrido, isso também será uma Reacção Vivencial não-normal, ou seja, não houve uma relação no tempo da Reacção com a causa. Significa que a pessoa não conseguiu superar o ocorrido depois de um certo tempo no qual a maioria teria superado.
Assim sendo, vimos os 3 elementos necessários para definir uma Reacção Vivencial como normal ou não: a causa objectiva para que a pessoa manifeste uma Reacção Vivencial, a proporção entre a Vivência causadora e a Reacção Vivencial e a relação temporal entre a Vivência causadora e a Reacção Vivencial.
5. SENTIMENTOS NÃO NORMAIS
A Ansiedade exagerada, a Síndrome do Pânico, as Fobias, a Depressão ou a Angústia patológica são exemplos de sentimentos não-normais. A falta de causa objectiva, de proporção ou de relação no tempo entre as Reacções Vivenciais e suas Vivências causadoras proporcionam esses sentimentos não-normais.
É claro que existem causas para Pânico, Fobia, Depressão ou Angústia, entretanto, não são causas objectivas e concretas mas sim, causas subjectivas, ou seja, causas que existem particularmente na intimidade de cada um e não no mundo concreto dos fatos e acontecimentos. Essas causas subjectivas serão o objecto de maior interesse aqui.
Vamos imaginar um caso de Fobia Social, onde a pessoa se sente mal (ansiedade excessiva) quando se encontra diante de muitas pessoas, em ambientes cheios de gente, etc. Para esse paciente as outras pessoas representam uma ameaça, tal como também representa uma ameaça a cobra do outro exemplo. Neste caso, entretanto, ambientes cheios de gente simplesmente não representam uma ameaça concreta e objectiva para a maioria das pessoas mas sim, uma ameaça imaginária para a pessoa com Fobia Social. Neste caso podemos dizer que pessoas e ambientes cheios representam uma causa subjectiva de ameaça para os pacientes portadores de Fobia Social. O mal estar causado por essa causa subjectiva e imaginária, caracterizado por extrema ansiedade, sensação de vir a desmaiar, sufocamento, falta de ar, mão frias, sudorese, etc., será uma Reacção Vivencial não-normal.
A mesma coisa podemos dizer da Síndrome do Pânico, onde a pessoa reage emocionalmente como se, de repente, fosse morrer, passar mal, perder o controle ou acontecer algo ruim. Essas pessoas são levadas à Pronto Socorros e nada que possa estar ameaçando suas vidas é constatado. Não se constata nada de objectivo e concreto. Assim sendo, os fatos e acontecimentos para tal medo, ou seja, achar que sofrem do coração, que estão prestes a ter algum derrame, etc., só existe na imaginação, portanto, novamente uma causa subjectiva, ou seja, uma Reacção Vivencial não-normal
Nos quadros de Depressão típica o paciente se sente triste e angustiado, julga-se pior do que é, acha que a vida não tem sentido, pensa que nada vale a pena e coisas assim. Todas essas ideias são julgamentos que existem só em sua maneira de pensar, portanto, são causas subjectivas que não correspondem aos fatos concretos e objectivos. Trata-se também de uma Reacção Vivencial não-normal.
Resumindo, os sentimentos não serão normais sempre que forem determinados por causas íntimas, pessoais, imaginárias ou que não correspondem à realidade concreta e objectiva. Essas causas subjectivas vêm de dentro da pessoa, de sua intimidade emocional e, muitas vezes, inexplicavelmente.
6. A AFETIVIDADE
Vendo uma antiga fotografia de algum ente querido já falecido, algumas pessoas experimentam sentimentos tenros, suaves, saudosos e até agradáveis, outras, por sua vez, podem experimentar sentimentos de angústia, tristeza, sensação de perda, pesar, enfim, sentimentos desagradáveis. O que, realmente, dentro das pessoas faz com que essa foto seja valorizada (Representada) dessa ou daquela maneira? Trata-se da Afectividade.
É a Afectividade quem dá valor e Representa nossa realidade. Essa Afectividade também é capaz de Representar um ambiente cheio de gente como se fosse ameaçador, é capaz de nos fazer imaginar que pode existir uma cobra dentro do quarto ou ainda, é capaz de produzir pânico ao nos fazer imaginar que podemos morrer de repente.
A Afectividade valoriza tudo em nossa vida, tudo aquilo que está fora de nós, como os fatos e acontecimentos, bem como aquilo que está dentro de nós (causas subjectivas), como nossos medos, nossos conflitos, nossos anseios, etc. A Afectividade valoriza também os fatos e acontecimentos de nosso passado e nossas perspectivas futuras.
O melhor exemplo que podemos referir para entender a Afectividade é compará-la à óculos através dos quais vemos o mundo. São esses hipotéticos óculos que nos fazem enxergar nossa realidade desse ou daquele jeito. Se esses óculos não estiverem certos podemos enxergar as coisas maiores ou menores do que são, mais coloridas ou mais cinzentas, mais distorcidas ou fora de foco. Tratar da Afectividade significa regular os óculos através dos quais vemos nosso mundo.
Porque uma pessoa portadora de Síndrome do Pânico pensa que pode morrer ou passar mal de repente? Porque ela acha que sofre do coração, ou está prestes a ter algum derrame, ou que está tão descontrolada ao ponto de perder o controle. Ora, nada disso faz parte da realidade objectiva e concreta. Trata-se de um juízo pessimista, uma avaliação negativa que a pessoa faz de si mesma, ou seja, trata-se de uma Afectividade que representa negativamente para a própria pessoa o seu próprio eu. Se a pessoa está se vendo pior do que é de fato, então afectivamente não está bem.
A Depressão típica, por sua vez, também faz com que a pessoa se sinta e se ache pior do que realmente é. Isso produz insegurança e rebaixa a auto-estima. Novamente aqui a Afectividade representa negativamente a pessoa para si mesma. A avaliação negativa de si mesmo, achar que a vida não vale a pena, que a realidade é sofrível, sentir medo exagerado, achar-se doente e toda sorte de pensamentos ruins resultam do Afecto alterado.
Resumindo essa questão da Afectividade vejamos um exemplo ilustrativo. Vamos nos imaginar em meio à uma briga de rua. Nosso medo (ou ansiedade) será directamente proporcional ao tamanho de nosso adversário; quanto maior nosso adversário maior o medo. E como avaliamos o tamanho de nosso adversário? Seu tamanho será avaliado sempre em comparação ao nosso próprio tamanho, pois, nosso único parâmetro de comparação será sempre nós mesmos.
Não importa nosso adversário ser maior ou menor que uma outra pessoa qualquer, importa apenas ser maior ou menor que nós. E como sabemos exactamente nosso próprio tamanho? Quem diz se somos grandes ou pequenos, fortes ou fracos, espertos ou não, superiores ou não ao adversário será nossa Afectividade, esse apetrecho psíquico que dá valor à tudo em nossa vida e, principalmente, nos dá o valor de nós mesmos.
Se uma Afectividade alterada fizer pensar em nós mesmos como pequenos, fracos, pouco espertos e piores, então teremos medo em lutar até com uma criança. Nos amedrontaremos e sentiremos muita ansiedade diante de tudo na vida; diante das multidões, dos ambientes fechados, de viajarmos sozinhos, da solidão, da ideia de estarmos doentes, e assim por diante.
7. CONFLITOS ÍNTIMOS
Saber sobre os Conflitos Íntimos é importante para o entendimento dos sentimentos decorrentes de causas subjectivas, ou seja, da Ansiedade, Angústia, Depressão, Pânico, Fobias que aparecem sem uma causa objectiva e concreta aparente.
O ser humano sempre viveu diante do dilema entre aquilo que ele quer realmente fazer, aquilo que ele deve fazer e aquilo que ele consegue fazer. Portanto, nem sempre estamos fazendo aquilo que queremos, muitas vezes não queremos fazer aquilo que devemos, outras vezes queremos e devemos fazer aquilo que não conseguimos. Enfim, estamos constantemente diante desse conflito.
Essa situação não diz respeito apenas às questões de nossa vida prática, diz respeito também aos nossos sentimentos. Se devemos gostar ou não de determinada pessoa, gostar ou não de determinada atitude nem sempre obedece ao fato de querermos gostar ou não. Às vezes odiamos ou gostamos mesmo não querendo, outras vezes mesmo não devendo, outras vezes ainda, mesmo devendo e querendo não conseguimos.
Ora, uma pessoa que não consegue gostar de sua mãe mesmo sabendo que deveria gostar (afinal, deve-se amar as mães pelo simples fato de serem nossas mães), ou sua irmã, ou seu pai, estará experimentando um conflito. Quem vive o drama de querer namorar uma pessoa embora devesse ficar com outra, também vive em conflito. Quem queria ser actor embora deva continuar sendo advogado, idem. Ou queria ter um filho homem e só consegue gerar mulheres, queria e devia ser respeitada pelo marido mas não está conseguindo, devia trabalhar mais mas não quer, ou quer ficar em casa mas deve sair para trabalhar e assim por diante...
Como vimos, todos nós estamos sujeitos ao Conflito, pois, nem sempre estamos plenamente felizes com nossa situação actual. Na verdade, é quase impossível uma pessoa consciente viver sem nenhum Conflito.
Na saúde emocional conseguimos conviver bem com nossos Conflitos, conseguimos viver bem apesar de nossos Conflitos. Entretanto, estando a Afectividade comprometida, podemos sucumbir à esses Conflitos. Na Depressão, por exemplo, um Conflito com o qual convivemos pacificamente por muitos anos passa a ser insuportável.
Algumas vezes não temos consciência plena do Conflito, eles podem ser inconscientes. Isso geralmente acontece em pessoas muito activas e que nunca se detém para reflectir sobre suas vidas, pessoas que suportam tudo porque se acreditam fortes, pessoas que consideram as emoções uma coisinha trivial. Mesmo essas pessoas se esgotam. A Afectividade abalada ou esgotada poderá fazer com que os Conflitos inconscientes sejam capazes de causar uma ansiedade tão grande ao ponto de produzirem uma Síndrome do Pânico, ou Fobia, etc.
Outras vezes a Afectividade depressiva ou esgotada mexe e remexe no baú de nosso psiquismo. Fatos, Vivências, Conflitos e traumas praticamente esquecidos voltam à tona, incomodam e torturam. É como se uma cicatriz que possuímos há anos e para a qual não dávamos tanta importância, passasse a nos incomodar muito, fazendo nos sentir feios, discriminados e magoados por causa dela.
Os Conflitos Íntimos, juntamente com as frustrações presentes e passadas, os traumas presentes e passados e os complexos compõem aquilo que chamamos de causas subjectivas para as Reacções Vivenciais Não-Normais. Serão sempre não-normais pelo fato de se originarem sem uma causa concreta e objectiva detectável. E as causas subjectivas causarão tanto mais incómodos e tanto mais Reacções Vivenciais Não-Normais quanto mais alterada estiver nossa Afectividade. Portanto, a correcção da Afectividade alterada será o primeiro e mais importante passo para o tratamento de todos esses quadros emocionais.
8. LIDANDO COM A AFECTIVIDADE ALTERADA
Os transtornos emocionais afectivos podem existir de duas maneiras:a) a pessoa está afectivamente abalada ou;
b) ela é afectivamente problemática. É a mesma colocação que se pode fazer entre estar com alergia e ser alérgico.
Pessoas que estão afectivamente abaladas normalmente são aquelas cuja personalidade original não tem traços naturais de sensibilidade afectiva exagerada mas que, por razões momentâneas e circunstanciais, acabam tendo problemas afectivos. Entre essas razões circunstanciais e momentâneas as mais comuns, hoje em dia, são o stress continuado, as perdas e decepções, as exigências de adaptação do quotidiano entre outras.
Esse tipo de transtorno afectivo surge em algum momento na vida de uma pessoa afectivamente normal, e pode ser entendido como uma espécie de esgotamento decorrente da sobrecarga de Vivências tensas e traumáticas.
O segundo tipo, aquele que é afectivamente problemático, existe em pessoas com traços de personalidade de sensibilidade afectiva é exagerada. Para essas pessoas a vida normalmente é sentida com mais emoções e as Vivências tendem a ser experimentadas com maior sentimento. São pessoas ansiosas por natureza, naturalmente sentimentais, pessoas que se magoam com facilidade, sofrem por excesso de responsabilidade. Normalmente são pessoas mais retraídas, pouco extrovertidas e que não deixam transparecer suas emoções.
A diferença entre ser e estar com problemas afectivos será de fundamental importância para o tratamento. Se o caso é ser afectivamente problemático o tratamento tende a ser mais duradouro e, em alguns casos, até definitivo. É a mesma coisa que ser hipertenso, ser diabético, ser asmático, ser reumático, enfim, são casos que caracterizam uma maneira de ser e não de estar. Os preconceitos acerca de um tratamento mais prolongado para esses problemas afectivos são por conta de nossa cultura, pois, o tratamento prolongado para as outras doenças supra-citadas não despertam a mesma objeriza que os tratamentos psiquiátricos, embora seja praticamente a mesma coisa.
Por outro lado, no caso da pessoa estar passando por uma fase de problemas afectivos decorrentes de circunstâncias momentâneas o tratamento será igualmente momentâneo, ou seja, durante um prazo de tempo suficiente para que a pessoa restabeleça sua harmonia afectiva.
9. BASES DO TRATAMENTO
9.1. VEJA TRATAMENTOS
Aqui, como em tantos outros casos da psiquiatria, os medicamentos podem ser indispensáveis e insuficientes. Diz-se que são indispensáveis porque sem eles o tratamento pode ser impossível e insuficientes, porque só com eles também pode ser impossível. A associação entre medicamentos e psicoterapia pode ser o mais indicado, tanto para os casos que são problemáticos quanto para aqueles que estão com problemas.
A alteração da afectividade implicada nos problemas emocionais aqui referidos, como o Pânico, a Fobia, a Ansiedade e a própria Depressão, é o rebaixamento afectivo . Voltando ao exemplo que comparamos a Afectividade aos óculos através dos quais vemos nossa realidade, corrigir esses óculos é o objectivo do tratamento da Afectividade.
Os anti-depressivos são os medicamentos melhor indicados para o tratamento do rebaixamento afectivo. Indica-se anti-depressivos com o mesmo objectivo que a medicina indica os anti-diabéticos, os anti-hipertensivos, os anti-reumáticos ou antiasmáticos para suas respectivas doenças.
Além dos anti-depressivos, em alguns casos pode-se associar também os ansiolíticos, medicamentos destinados ao alívio dos sintomas da ansiedade. Esses ansiolíticos actuam mais nos sintomas (ansiedade) que na causa básica do problema que é a Afectividade mas, mesmo assim, nos casos onde os sintomas ansiosos são muito importantes eles estão indicados durante algum tempo.
O tempo de uso dos anti-depressivos dependerá, como já dissemos, do caso ser de alguém que está ou de alguém que é afectivamente problemático. Dependerá também da resposta do paciente ao tratamento.
A psicoterapia associada ao tratamento com medicamentos é de fundamental importância. A terapia chamada cognitiva tem sido uma das mais eficientes nesses casos. Este tipo de terapia busca um auxílio de elementos racionais junto aos tropeços emocionais. Procura corrigir certos esquemas de pensamento deturpados pelas emoções.
Conclusão
Cada jornada é sempre um começo de uma jornada de afectividade, é sempre um encontro com vivências e participações humanas (seja cultural, tradição, religioso, social, classe, raça, etc.). Todavia somos alvos de uma necessidade de afeição, duma nova amizade corporal ou ainda de um novo espelho especial.
É louvável saber viver em sentimento, pois essa vivência brota e desenvolve a afectividade humana. Ser e estar afectivo deve significar e traduzir para cada um de nós um espelho de resolução de problemas de afeição, de problemas de sentimentos. Enfim um viver de sentimentos faz de nós um oceano de afectividade.
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